Abaixo Leia a matéria completa de Beyoncé Na Revista OUT Magazine.
Se você reunir as memórias da pequena equipe da Parkwood, empresa de entretenimento que Beyoncé fundou, você teria bastante material para a maior biografia do mundo. O que seria também uma hagiografia (biografia sagrada), o que se torna óbvio dizer: para aqueles que trabalham junto dela, Beyoncé é literalmente perfeita. Inúmeras vezes você ouvirá que ela é a pessoa que mais trabalha pesado no showbiz, a que mais cobra dela mesma, no mínimo complacente. E tudo isso, você perceberá, é a mais pura verdade. Mas, em todos elogios e nas brilhantes referências, você também encontrá pequenas indicações de de uma pessoa iluminada e graciosa.
Tem Angie Beyince, vice-presidente de operações, que cresceu passando verões com suas primas, Beyoncé e Solange. “Elas amavam Janet Jackson”, ela nos conta. “Nós falávamos a noite toda e assistíamos Showtime At The Apollo e minha cobra, Fendi, estaria se rastejando pelos cantos. Ele ficava em nossas cabeças enquanto assistíamos TV.”
Tem Ed Burke, diretor visual, cujo nunca havia ouvido falar de Beyoncé quando a conheceu há 10 anos, aceitando um convite de uma amiga para fotografa-la por um dia. Ele passou os últimos sete anos seguindo ela pelo mundo com uma câmera. No Egito, ele e Beyoncé escalaram a pirâmide juntos, enquanto o resto do grupo desistiu. “Cheirava a urina pois não havia banheiros lá em cima”, ele relembra. “Ela parecia Mãe Teresa, usando um vestido e um véu branco, e quando chegamos ao topo ela cantou Donny Hathaway, A Song for You“.
Tem Ty Hunter, seu estilista, que estava trabalhando na Bui-Yah-Kah, uma boutique em Houston, quando ele conheceu a mãe de Beyoncé pela primeira vez, Senhora Tina, caçando figurinos para as Destiny’s Child. Os dois se “encaixaram”. Isso foi em 1998. “Senhora Tina lembra a minha mãe” ele diz. “Eu chamo Beyoncé e Solange e todas as meninas do Destiny’s Child de irmãs. A família, você sabe, é humilde – não o que todos pensam. A imagem (de Beyoncé) é de diva, mas se eu estive aqui durante todo esse tempo é porque ela não é.”
Tem Lee Anne Callhan-Longe, a gerente geral da Parkwood, a qual teve a infância em Boston repleta de músicas como a de Carole King, James Taylor e Carly Simon. Foi Callhan-Longo que inventou com os movimentos de braço em XO. “É tão hilário – Eu tenho crédito no DVD por coreografia”, ela ri alto.” Se alguém me conhece, sabe que não sou dançarina. Nunca fui e nunca serei.”
E tem Yvette Noel-Schure, a publicitária, uma espécie de mãe para todos. Ela cresceu na Ilha de Grenada, no Caribe, e tem um sotaque suave e floral. “A única música na minha casa eram católicas”, ela lembra. “Uma vez ou outra eu escutava um pouco de calypso no rádio”. Noel-Schure esteve com Destiny’s Child em Los Angeles, em 11 de setembro de 2001, quando as notícias dos ataques em Nova York e Washington as pegaram. “Minha mãe não está aqui, então eu acho que você será ela hoje”, ela lembra Beyoncé a contando. “E eu disse, ‘meu filho não está aqui, então eu acho que vocês serão minhas filhas hoje”. Ela desmanchou em um grande sorriso. “Com ou sem trabalho, eu provavelmente sempre me sentirei ligada a aquelas meninas de alguma forma”
Se você deseja conhecer alguém, ajuda se você conhecer alguém ao redor deles. No caso de Beyoncé, não há alternativa. A oportunidade de escrever sobre ela se materializou com uma estranha condição: não seria uma entrevista cara a cara. A artista estava no meio de uma intensa turnê internacional e dramaticamente examinando onde colocar 10 músicas de seu novo álbum homônimo, no show. E além disso, eu teria que voar até Glasgow para ver o show com o novo set, eu teria que me contentar com trocas de e-mail para essa entrevista. Mas – e o lado bom da história – eu teria acesso sem precendentes a Parkwood Entertainment, o fechadíssimo e feroz time no coração da marca Beyoncé. Isso era mais que uma concessão – eu estava sendo convidada para dentro do Santuário da Bey.
O santuário fica escondido em um não identificável escritório em Nova York, alto o bastante para um vista boa e a pequena distância da Macy. Decorado como uma boutique de hotel – com sofás de pelúcia, chão de madeira e inúmeros lustres contemporâneos – a marca mais visível de Beyoncé são os 17 Grammys que em uma única fila terminam na sala de reunião e um retrato de Michael Jackson, ainda novo, seu ídolo. Foi nessa mesma sala, na noite do dia 12 de dezembro, que a equipe da Parkwood (mesmo nome da rua em que Beyoncé cresceu) fez a contagem regressiva para o lançamento surpresa de BEYONCÉ, o quinto álbum dela. Para uma sólida hitmaker, o novo material foi um lançamento cheio de sensualidade, mais do que os fãs estão acostumados – e menos elegante. E por gerenciar seu álbum para mante-lo debaixo dos panos, até o momento do lançamento, Beyoncé foi capaz de fazer uma coisa muito rara para uma estrela global: controlar o jeito que os fãs experienciam sua música. É difícil lembrar qual foi o maior álbum dos últimos anos que não vazou antecipadamente, ou que não obteve críticas e opiniões de blogueiros antes de alcançar os fãs. Como Noel-Schure gosta de dizer, “Conhecimento incontestado se torna realidade”. Essa na verdade é uma fala de Motown: The Musical, mas quando ela ouviu mais cedo este ano, fez sentido. “A internet é o mesmo que uma grande jarra de cola”, ela me conta no escritório. “Ela não vai embora”.
Mas há um motivo para isto: A Internet é uma grande colmeia ou BeyHive (adaptação de colmeia do Inglês), como, os fãs da Rainha dos Vocais são chamados . Como os Little Monsters de Lady Gaga , eles são uma força poderosa, se você sabe como usá-los . Nas 12 horas após seu lançamento surpresa, o novo álbum gerou 1,2 milhões de tweets , atingindo uma alta de 5,300 tweets por minuto em seu pico. Dentro de três dias, Beyoncé vendeu 828.773 cópias digitais , tornando-se o álbum mais vendido de toda história da loja do iTunes (o fato de que o álbum era exclusivo iTunes ajudou, em resposta, Amazon e Target recusaram a estocar o álbum, uma verdadeira falha que eles provavelmente não vão arriscar em uma segunda vez Amazon, desde então, cedeu, mas o Target não). Nas próximas semanas e meses que seria agravado por um tsunami de acrobacias e virais na internet: três avós lendo a letra de Drunk in Love (e confundindo Jay Z para Kanye West no processo); a uma edição acapela feita pelo grupo de vídeos online Pentatonix abreviando o álbum inteiro em um brilhante medley de seis minutos; e todas aquelas letras que grudam na nossa cabeça e nos fazem repetir a todo momento, “I woke up like this – Flawless” e “Surfbort” que pelo que parecem entraram na lista de bordões musicais da cantora junto com “Put A Ring On It” e “Bootylicious”. (E uma prova de astúcia da Parkwood que tinham camisas e moletons de Flawless eSurfboard prontas para venderem logo após o lançamento do álbum) e tudo isto foi conseguido sem recorrer à tradicional máquina de marketing: as intermináveis rodadas de entrevistas, as festas de lançamento elaborados, as promoções na loja. Em vez disso, apelando diretamente para as pessoas que mais importavam, aos fãs Beyoncé, e sua equipe na Parkwood conquistou o desafio milenar de políticos, titãs empresariais e magnatas de Hollywood: segurar a onda.
Mas havia algo a mais, também. O álbum BEYONCÉ foi projetado para ser o trabalho mais pessoal da carreira da música, um álbum não trabalhado para cumprir os dilemas usuais da indústria. Beyoncé, em uma resposta por e-mail a uma das minhas perguntas, descreveu o processo como “muito mais livre do que qualquer coisa que eu tinha feito no passado. Nós realmente apenas tentamos confiar em nossos instintos, abraçar o momento, e mantê-lo divertido.”. Como exemplo ela destacou o vídeo de Drunk in Love , um favorito dos fãs. “Nós estávamos em Miami para um show de Jay e foi apenas nós dois, na praia, tempo incrível, e uma roupa! É bonito em sua simplicidade. Se você quer algo para se sentir real e é urgente, não se pode pensar demais.”
Claro, outros artistas – Adele vem a mente – tem mostrado que quanto mais visceral e pessoal é um álbum, a menos necessidade de muita propaganda. Mas Adele ainda estava construindo sua carreira, quando ela lançou o 21, e tinha menos a perder. Para Beyoncé, após 10 anos no topo, o sentido mais óbvio para ir era para baixo. Em vez disso, com a ajuda de sua equipe e muita discrição, ela colocou sua carreira muito mais acima do topo. “Eu realmente sinto que daqui a 20 anos ou 50 anos contando de agora as pessoas vão lembrar do dia 13 de dezembro de 2013″, diz Noel-Schure. “As pessoas vão se lembrar, porque ele vai ter mudado a maneira de fazer negócios na indústria fonográfica.”
Isto pode parecer muita coisa, mas você só precisa comparar plano de lançamento de Beyoncé com Lady Gaga, com Artpop, e perceber o quão sucesso BEYONCÉconseguiu torna-se do ciclo brutal e normal para a reação que tornou-se a norma da indústria.
- OUT: O seu novo álbum também é o seu projeto mais sexualmente liberado. A confiança e maturidade e a fantasia de falar com as mulheres quase como se em códigos. Como você cria essa conversa?
- Beyoncé: Eu gostaria de acreditar que a minha música abriu essa conversa. Há um poder inacreditável de propriedade, e as mulheres devem possuir sua sexualidade. Há um duplo padrão quando se trata de sexualidade, que ainda persiste. Os homens são livres e as mulheres não são. Isso é uma loucura. As velhas lições de submissão e fragilidade nos fez vítimas. As mulheres são muito mais do que isso. Você pode ser uma mulher de negócios, uma mãe, um artista, e uma feminista ou o que você quer ser, e ainda ser um ser sexual. Isso não é mutuamente exclusivo.
É uma sexta-feira noite de fevereiro, em Glasgow, na Escócia, e o vento está chicoteando brutalmente em torno dos cantos do Hilton, onde a equipe C do grupo de Beyoncé está hospedada (a equipe B está no mais charmoso hotel, o Malmaison Hotel, o paradeiro de equipe A, o que presumivelmente inclui Beyoncé, é um segredo bem guardado). Cheguei de Nova York naquela manhã, e depois de uma parada rápida para um sanduíche e um café, eu faço o meu caminho ao longo da rodovia onde levei bastante chuva para Hidro Arena, onde Beyoncé ficou ensaiando a maior parte do dia.
Embora seja tecnicamente o 110º show de sua extravagante turnê, a The Mrs.. Carter Show, que é apenas a segunda noite de sua turnê renovada de forma dramática. Poucas noites antes, ela tirou um dia todo para ensaiar seu novo material, e antes correu para Londres para uma aparência de última hora no Brit Awards, correu para vestir seu vestido prateado feito uma bola prateado e logo após apresentação voltou aos ensaios para concluir coreografia do show. Dez novas canções foram adicionadas à programação do show; outros foram abreviadas ou transformado em medleys para dar espaço as novas. A maioria dos artistas que passam meses para deixar tudo perfeito, mas Beyoncé levou três dias. “Ela é completamente implacável em sua busca do perfeccionismo”, seu diretor criativo, Todd Tourso, me disse como é se sentar nos bastidores. “Parece brega, mas é por isso que eu estou disposto a trabalhar tão duro para ela. Quando você tem esse tipo de liderança, você se torna musa e mentor, eu acho que o céu é o limite. ”
Dos 15 mil fãs que estão no local naquela noite a grande maioria são mulheres jovens, e sua maioria é de brancos (é a Escócia) preparados para uma grande noite. Um bom número de pessoas estão com arcos de plástico em seus cabelos, imitando Beyoncé no vídeo de XO (No ar úmido de Glasgow eles parecem menos adorável.) O show de abertura da noite ficou por conta do Monsieur Adi, o italiano produtor que mora em Paris, cujo remixes de Britney Spears, Lana Del Rey, e Madonna levaram a ser uns dos mais queridinhos da indústria. Adi usa um sorriso permanente , como uma criança que não acredita no que vê . Um ex-projetista da arquitetura e estudante que virou moda, Adi lançou remixes depois que um amigo ouviu a música que ele fez para o seu site. Agora ele virou DJ e tem sua primeira turnê . Dois meses antes, ele tinha acordado nas primeiras horas de 13 de dezembro a um e-mail de Courtney Anderson, cuidador de dança da Beyoncé e consultor de RH. (“Eu estou sempre vestido com a batida do meu tambor”, Anderson diz. “Eu era a pessoa que colocava sob o pijama, uma camisa e alguma havaianas para ir à escola.”) Anderson queria Adi para um trabalho. “Eu fiz a ele um convite e ele disse: ‘Sim, nós gostaríamos que você remixasse duas faixas.”, Diz Adi . “Eu disse, ‘Duas faixas? Você tem certeza? Estou sem palavras…’”
Como a maioria do pessoal em Parkwood, Anderson estava no escritório a meia-noite, quando o álbum saiu. “Eu nunca tive tantos homens e mulheres me enviando tweets com ‘OH MEU DEUS!!!’”, diz ele com uma risada, contando as horas que passou distribuindo atribuições a seus produtores favoritos. “A primeira reação deles foi: ‘Por que você não me contou?” E eu era como,’Mas é aqui! Não é ótimo? Qual é a sua música favorita? “E então a conversa rapidamente mudou para a música.”
Qual tinha sido o ponto o tempo todo.
Qual tinha sido o ponto o tempo todo.
- OUT: Em algumas músicas, como XO, a sua voz é muito mais crua (e bonita) o que os fãs estão acostumados. Foi uma decisão consciente fazer uma canção com a voz menos polida?
- Beyoncé: Quando eu gravei XOeu estava doente com uma infecção sinusal. Eu gravei em poucos minutos, assim como uma demo e decidi manter os vocais. Eu vivi com a maioria das músicas por um ano e nunca regravei os vocais das demo. Eu realmente amei as imperfeições, e assim eu continuei as demos originais. Passei o tempo que eu normalmente gasto em origens e produção vocal em obter a música perfeita. Havia dias em que eu passava apenas tentando obter a combinação perfeita de sons. Disciplina, paciência, controle, verdade, risco e esforço eram todas coisas que eu pensava sobre enquanto eu estava criando esse álbum.
Se você quer entender as origens da Beyoncé, comece com Angie Beyince , vice-presidente de operações da Parkwood Entretenimento, e prima de Beyoncé . A similaridade em seus nomes não é uma coincidência: o da mãe de Beyoncé e da tia Beyince é Tina Beyince (o nome vem de ascendência crioula), e os seus primos estavam tão perto crescendo que passaram todos os verões juntos. “O último dia de aula a tia Tina iria me pegar e eu ia passar o verão inteiro na casa dela, e depois ser colocada de volta para casa na noite anterior quando a escola começava de novo”, lembra Beyince , encontrando rapidamente um lugar para sentar em sua sala de vidro numa tarde gelada em fevereiro. Uma bolsa grande Chanel estava ao lado de sua mesa; ela usa unha laranja brilhante com batom para combinar. Quando pergunto o que tom de laranja que é, ela balança a cabeça, brincando. “Uma dama nunca diz”, ela brinca. “Eles me chamam de o quarto membro do Destiny’s Child. Eu sou como a diva de origem. Eu não digo as minhas cores de batom, o meu perfume. Eu estive usando o mesmo perfume por, talvez, 14 anos , e eu nunca pronunciei as palavras a ninguém.”
De volta ao final dos anos 90, antes que ela começasse a usar esse perfume misterioso, antes que ela pudesse pagar uma bolsa Chanel, Beyince era um faz-tudo: contadora de turnê, agente de viagem, assessora de imprensa, máquina de lavar roupa se precisasse ela iria fazê-lo. Ela se lembra de horas gastas em quartos em hotéis baratos com negociação e fotos autografadas, roupas de lavagem à mão ou em máquinas, em qualquer semi decente hotel que tinha reservado para si mesmos, noites agitadas e trocar de roupa das meninas durante o show. “Eu terminava o show e ia para o escritório do caixa com todos os promotores para contar o dinheiro, o que é engraçado, porque eu sou uma mulher muito delicada. “Ela encolhe os ombros.” Mas eu me refiro a mim mesmo como uma leoa. Eu sou uma garota má. Eu não jogo. Eu fui lá com todos os promotores masculinos e eu contaria o dinheiro na frente deles. Desde o primeiro dia eu fui uma caçadora de dólares. E eu disse, ‘Eu estou sentindo falta de um dólar.” Eles disseram, ‘Oh, não está, menina’ tudo para me encolher, diminuir’. Ah, não, docinho, oh não, querida, não, não.’ Eu disse, ‘OK , eu vou contar de novo.’ Beyince controla as ações de contar as notas, explicando que todo esse processo que normalmente levam horas está reservado para mim, mas é claro que ela finalmente conseguiu seu dólar.
“Eu dividia o quarto com a coreógrafa da época e enquanto ela estava dormindo eu iria contar todo o dinheiro, fazer a folha de pagamento, todas as despesas”, diz ela. “Eu só tinha talvez duas ou três horas de sono por dia. Então eu estaria de volta para o caixa.”
Beyince é, naturalmente, uma evocação perfeita do tipo de modelo feminino que Beyoncé estava se referindo quando ela se descreveu recentemente na Vogue UKcomo uma “moderna feminista.” A reivindicação tem sido muito debatida em blogs e você tem que admirar Beyoncé por se atrever a ir até lá. Uma pequena escaramuça entrou em erupção em torno de uma letra em Drunk in Love: “Eat the cake, Anna Mae,” aparentemente levantada a partir de uma cena de abuso em 1993 contra Tina Turner em sua cinebiografia, o que o amor tem a ver com isso? Para alguns, isso estica a credibilidade da Beyoncé, mas golpe de mestre de Beyoncé era encontrar uma maneira de garantir que nada disso importava, oferecendo sua música para os fãs antes de os críticos, profissional e auto-nomeados, tiverem tempo para pesar dentro disso também, é o poder.
Temas de dinheiro, sexo e poder tem percorrido toda a música de Beyoncé desde 1999 com Bills, Bills, Billsde Destiny’s Child, mas a sexualidade de suas novas canções é uma reminiscência de sexo de Madonna. “Longe vão os dias de pessoas que fazem você se sentir culpado porque você é sexual”, diz Noel-Schure, que lembra o pessoal mais jovem observando atentamente a reação dela a primeira vez que escutei o álbum. “Este não é dos velhos tempos. Precisamos ensinar o jovem a responsabilidade, mas você não vai dizer a alguém: ‘Não seja sexual.’ Vamos chamar os bois pelos nomes.
Fazer como tem que ser é uma espécie de papel nascente para Beyoncé, que desencadeou seu interior ativista no Instagram ano passado, postando mensagens de apoio para a igualdade no casamento e a Justiça para a campanha Trayvon Martin. Como Madonna, ela parece ter encontrado sua voz, como ela cresceu e floresceu em uma estrela global e empresária. Não é pouca coisa para uma mulher negra ser capaz de expressar tanto seu poder e sua sexualidade sem ser reduzido no processo de uma prostituta que esqueceu o seu lugar. Como ela diz em uma nova campanha destinada a ajudar os jovens a desenvolver a auto-estima: “Eu não sou mandona, eu sou a chefe.” É uma frase de efeito banal, mas no palco, onde Beyoncé está no seu melhor e mais potente momento, você testemunhar como essa mesma confiança ressoa e se conecta com sua banda só de mulheres, as Mamas, Beyoncé deu seus fãs escoceses um show para lembrar daquela noite, mas ela deu-lhes outra coisa, também: um modelo.
- OUT: Seu quinto álbum foi notado por ser bastante feminista, mas um grande número de pessoas da comunidade LGBT também se identificaram com ele. As letras já foram escritas conscientemente para grupos diferentes em mente?
- Beyoncé: Eu estou definitivamente consciente de todos os diferentes tipos de pessoas que ouvem a minha música, eu realmente tinha a intenção de fazer o álbum mais pessoal, honesto e o melhor que eu poderia fazer. Eu precisava me livrar das pressões e expectativas do que eu pensei que eu deveria dizer ou ser, e só falar com o coração. Sendo que eu sou uma mulher em uma sociedade dominada pelos homens, a mentalidade feminista soou verdadeiro para mim e tornou-se uma forma de personalizar essa luta… Mas o que eu realmente estou a me referir, e esperando, é direitos humanos e igualdade, não apenas que entre uma mulher e um homem. Então, eu estou muito feliz se as minhas palavras podem inspirar ou capacitar alguém que se considera uma minoria oprimida… Somos todos iguais e todos nós queremos as mesmas coisas: o direito de ser feliz, de ser apenas quem queremos ser e amar quem queremos amar.
Quando você fala com a equipe da Parkwood, é impressionante como muitas vezes o suspense surge na conversa como uma espécie de santidade para a indústria da música. “A maneira como a música é distribuída é tão grandemente diferente do que era nos anos 80 e 90,” Lauren Wirtzer-Seawood, chefe do digital, diz. “Você não tem três ou quatro álbuns emblemáticos por ano; você tem 400 álbuns que saíram em um ano, e você tem que lembrar o que você ouviu.”
No quartel general de Beyoncé, a equipe que embarcou no projeto de lançar o quinto álbum, se tornou em um espectro de Thriller, uma espécie de catalisador – modelo de um momento cultural que a indústria da música já não parecia capaz de ter. Parte do desafio era como ganhar a atenção e tempo suficiente para dar à música uma chance. “Eu vi uma moça de 20 anos de idade, olhar todo álbum de Miley Cyrus em menos de 35 segundos no iTunes quando ele saiu”, diz Jim Sabey, diretor de marketing, fazendo uma careta com a memória. “Ela ouviu a sete segundos de cada música, e eu olhei para ela e ela é, tipo, ‘Ugh, é terrível.” Eu disse,’ Como é que você sabe? Você nem mesmo ouviu.”
Este, então, é o outro lado do mundo novo sem limites em que os músicos se encontram. Não mais sob o polegar do intocáveis executivos de gravadoras, eles se encontram à mercê de fãs de música complemente aflitos, navegando em vários sites de uma só vez. Você pode imaginar a angústia do time da Beyoncé a medida que o verão se transformou em outono, e eles testemunharam primeiro Lady Gaga, em seguida, Katy Perry. Ambos os álbuns desses artistas, Artpop e Prism, vieram carregados de expectativas, e ambos foram divulgados prematuramente e quase imediatamente pronunciado decepções. “Beyoncé colocou dois anos de seu coração e sua alma para este álbum”, diz Sabey. “Qualquer artista de 13 anos de idade, em Atlanta, que reúne um álbum e coloca-lo no YouTube, quer que você vá ver seu trabalho. Eles querem que você experimentem a arte da maneira que eles a destinam.”
Mas a adolescente de 13 anos de idade, em Atlanta não tem a equipe de apoio que Beyoncé tem tão assiduamente alimentada, uma equipe que conhece muito de sua vida. “Ela se manteve fiel as pessoas que têm se mantido fiel a ela”, diz Kwasi Fordjour, coordenador criativo. “Eu acho que isso é incrível, você raramente vê artistas que mantêm os melhores da equipe durante toda a sua carreira.” (Em um e-mail, Beyoncé devolveu o elogio, dizendo: “Eu chamo-lhes os azarões porque muitas pessoas duvidaram da equipe eu coloquei em conjunto.”)
Grande parte do Beyoncé foi gravado no verão e outono de 2012, em um estúdio construído nos Hamptons. “Foi mais ou menos como Survivor ou The Real World“, lembra Melissa Vargas, gerente da marca. “Nós dormimos lá. Todo mundo tinha um quarto. Havia apenas um certo número de pessoas que poderiam vir, por isso, se você estava vibrando com ela e tudo estava indo muito bem, você iria ficar por mais tempo. Tivemos um chefe de cozinha, e cada pessoa naquela casa sentou-se para jantar com Jay e Beyoncé. ”
Foi Beyoncé que decidiu não antecipar o lançamento de seu álbum com uma única, ou uma divulgação típica. Ela queria simplesmente enviá-lo para o iTunes, de uma só vez . Uma grande parte do desafio foi como encaixar a realização de todos os vídeos junto da turnê mundial de Beyoncé , que começou em abril passado. “Honestamente, eu estava, tipo, ‘O que você quer fazer?’”, recorda Vargas. “Como é que você vai filmar vídeos quando está em turnê? Quero dizer, diretores precisam preparar.” Beyoncé também estava preocupada se caso ela estava perdesse o controle até o final do processo. Eu estava gravando, gravando vídeos, e realizando turnê todas as noites, tudo ao mesmo tempo. Em algum momento eu senti, o que eu estou fazendo? Isso é demasiado ambicioso? Até o dia em que o álbum foi lançado eu estava morrendo de medo. Mas eu também sabia que, se eu estava com medo, é porque algo grande estava para acontecer. Vargas encontrou-se em um avião para Paris para filmar vídeos para Flawless e Partition , com o diretor de vídeo inglês Jake Nava (que tinha feito a vídeo para 2003 de Crazy in Love) e passou de lá para o mundo, Puerto Rico, Brasil, Londres, Paris, Austrália, Nova Zelândia, e Houston, onde o vídeo de Blow foi filmado em uma muito amada pista de patinação de infância de Beyoncé.
“O que o álbum visual fez com as pessoas: eles pararam e assistiram a obra toda”, diz Sabey. “Não havia nenhuma maneira que você poderia ouvir os seis primeiros segundos de Beyoncé e pular para a próxima música. Você ia experimentar este álbum por completo.”
Ou, como Carl Fysh, publicitário de Beyoncé do Reino Unido, me disse, ao longo de um litro de cerveja após o show em Glasgow: “A minha geração só se lembra da emoção de conhecer um álbum quando gasta dinheiro do bolso, você foi para a loja de discos, você foi para fila, você tem o álbum e levou para casa, mas você não tinha ouvido nada sobre isso. E existe o outro lado da moeda que é você olhar para o álbum, você tocá-lo, e você ouvi-lo por umas 85 vezes. Eu acho que Beyoncé, fazendo o que ela fez, deixa esta geração ter a experiência da segunda opção.”